domingo, 26 de julho de 2020

Um ciclo

Como disse na postagem anterior ‘Esse tempo de distanciamento social e de reclusão me provocou a buscar outro e novo desafio’.

Nestes dias me encontrei, por acaso, com dois textos lindos.

Lembrei-me como gostava de ler poemas e poesias, mas há tanto não me dou tempo e nem espaço. Então nesse processo de reflexão sobre meu papel para com a humanidade e com a abertura a novos desafios quero compartilhar com vocês a minha satisfação...

Primeiro:

“INTERSER” (de “O Coração da Compreensão”)

Por Thich Nhat Hanh

“Se você for um poeta, verá claramente que há uma nuvem flutuando nesta folha de papel. Sem uma nuvem, não haverá chuva; sem chuva, as árvores não podem crescer e, sem árvores, não podemos fazer papel. A nuvem é essencial para que o papel exista. Se ela não estiver aqui, a folha de papel também não pode estar aqui. Logo, nós podemos dizer que a nuvem e o papel intersão. “Interser” é uma palavra que não está no dicionário ainda, mas se combinarmos o prefixo “inter” com o verbo “ser” teremos este novo verbo “interser”. Sem uma nuvem, não podemos ter papel, assim podemos afirmar que a nuvem e a folha de papel intersão.

Se olharmos ainda mais profundamente para dentro desta folha de papel, nós poderemos ver os raios do sol nela. Se os raios do sol não estiverem lá, a floresta não pode crescer. De fato, nada pode crescer. Nem mesmo nós podemos crescer sem os raios do sol. E assim nós sabemos que os raios do sol também estão nesta folha de papel. O papel e os raios do sol intersão. E, se continuarmos a olhar, poderemos ver o lenhador que cortou a árvore e a trouxe para ser transformada em papel na fábrica. E vemos o trigo. Nós sabemos que o lenhador não pode existir sem o seu pão diário e, consequentemente, o trigo que se tornou seu pão também está nesta folha de papel. E o pai e a mãe do lenhador estão nela também. Quando olhamos desta maneira, vemos que, sem todas estas coisas, esta folha de papel não pode existir.

Olhando ainda mais profundamente, nós podemos ver que nós estamos nesta folha também. Isto não é difícil de ver, porque quando olhamos para uma folha de papel, a folha de papel é parte de nossa percepção. A sua mente está aqui dentro e a minha também. Então podemos dizer que todas as coisas estão aqui dentro desta folha de papel. Você não pode apontar uma única coisa que não esteja aqui- tempo, espaço, a terra, a chuva, os minerais do solo, os raios do sol, a nuvem, o rio, o calor. Tudo coexiste com esta folha de papel. É por isto que eu penso que a palavra interser deveria estar no dicionário. “Ser” é interser. Você simplesmente não pode “ser” por você mesmo, sozinho. Você tem que interser com cada uma das outras coisas. Esta folha de papel é porque tudo o mais é.

Suponha que tentemos retornar um dos elementos à sua fonte. Suponha que nós retornemos ao sol os seus raios. Você acha que esta folha de papel seria possível? Não, sem os raios do sol nada pode existir. E se retornarmos o lenhador à sua mãe, então também não teríamos mais a folha de papel. O fato é que esta folha de papel é constituída de “elementos não-papel”. E se retornarmos estes elementos não-papel às suas fontes, então absolutamente não pode haver papel. Sem os “elementos não-papel”, como a mente, o lenhador, os raios do sol e assim por diante, não existirá papel algum. Tão fina quanto possa ser esta folha de papel, ela contém todas as coisas do universo dentro dela.”

https://dharmalog.com/2012/10/29/se-voce-for-um-poeta-vera-claramente-que-ha-uma-nuvem-flutuando-nesta-folha-de-papel-interser-por-thich-nhat-hanh/

 

Segundo:

 De tudo ficaram três coisas...

A certeza de que estamos começando...

A certeza de que é preciso continuar...

A certeza de que podemos ser interrompidos

antes de terminar...

Façamos da interrupção um caminho novo...

Da queda, um passo de dança...

Do medo, uma escada...

Do sonho, uma ponte...

Da procura, um encontro!

Fernando Sabino, O Encontro Marcado.

Nota: Trecho adaptado de “III – O Escolhido”, do livro ‘O Encontro Marcado’, de Fernando Sabino. https://www.pensador.com/frase/Mzk2Nzk2/ 



sexta-feira, 24 de julho de 2020

Meu Canal

Olá,

Coisas de Silvane, agora é Meu Canal, 

 

Quando em 2012 pensei em ter um BLOG minha vida transformou-se ... Abandonei a ideia do BLOG e fui viver integrada e entregue a uma nova realidade. 

 

Meus filhos, a época com 7 e 5 anos, um casamento estável, e saindo de uma experiência profissional linda, mas que me desafiava a ampliar meus passos.

 

Trabalhar na Escola do Mar era maravilhoso. Navegar quase que diariamente me fazia viajar. Fiz verdadeiras amizades. Guardo ótimas lembranças e importantes lições.

 

Mas voltando a minha vontade de ter um BLOG, passado tanto tempo de Pandemia (126 dias hoje) me perguntei. Porque não me dedico a algo que me desafie?

 

Aí está um novo desafio.

 

Quero começar pensando na história do último desafio que me interpelou em 2012.

 

Em 2012 fui convidada a coordenar o setor de educação ambiental da Fundação Municipal do Meio Ambiente. A primeira barreira foi, ao aceitar, ter que substituir uma pessoa maravilhosa. Em função das articulações a época, não aceitar o desafio era perder um trabalho lindo, de cerca de 20 anos, realizados nesse setor.

O primeiro drama, aceitar e perder uma relação muito significativa, entre colegas, entre amigas de trabalho e amigas de vida.

Por muito tempo minha decisão foi questionada. E o inevitável afastamento aconteceu.

Um sentimento de perda se estabeleceu. Então era preciso superar o seguinte drama.

 

Manter o lindo legado, valorizar quem esteve à frente deste trabalho por cerca de 20 anos e imprimir uma imagem positiva a meu respeito e em relação ao desafio aceito.

 

Durante mais de um ano, em função de diversas mudanças, construí uma nova relação com o espaço e com a forma de desenvolver o trabalho, e a cada troca nos escalões superiores, minha qualidade profissional e meu trabalho eram questionados. Colocados a prova tive que, várias vezes, declinar da minha decisão de permanecer no desafio. No entanto, os resultados depunham a meu favor. Passaram diretores e eu permaneci. Isso me fez perceber que os dramas estavam sendo superados.

 

Alguns resultados importantes. A mudança da sede, a criação do centro municipal de educação ambiental, a ampliação da equipe, a efetivação de profissionais no setor, o reconhecimento como espaço de estágios e extensão, a implantação da trilha acessível, o criação de um programa de gestão no setor, o estabelecimento da linha de atuação EA institucional e a Linha EA inclusiva, a intersetorialidade, a integração com diferentes políticas públicas, a criação da câmara técnica permanente, a realização da primeira conferência. Muitos outros resultados foram sendo conquistados. Mas o mais significativo foi o reconhecimento do desafio superado. Cresci como profissional e principalmente como pessoa. Amplie minhas perspectivas.

 

Passaram-se 8 anos e avalio que contribui muito além do desafio inicial que me propus. Fiz novas e verdadeiras amizades, fortaleci outras, e tive tantas importantes lições.

Esse tempo de distanciamento social e de reclusão me provocou a buscar outro e novo desafio.

Há algum tempo tenho refletido sobre meu papel para com a humanidade. Sinto que posso contribuir em espaços para além dos territórios que estou acostumada e que me sinto confortável.

Nestes dias tenho me dedicado a estudar e refletir sobre minhas praticas. Tenho revisitado antigos desejos, que na verdade não são antigos, sempre estiveram aqui, em outra ordem de prioridade.

 

Para os próximos dias me proponho a discorrer mais sobre isso...

 

Por enquanto, estou aqui de volta com Coisas de Silvane, agora meu Canal.